quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Quem sabe amanha seja melhor que hoje. Quem sabe sorrir seja melhor do que chorar e talvez, mesmo depois de tudo, ainda existam motivos para ficar. Quem sabe a felicidade seja o caminho mais fácil. Quem sabe seja melhor poder sentir esse cheirinho da pele e a tranquilidade que é poder se sentir livre. Quem sabe amar seja uma escolha que se faz todos os dias. Quem sabe as pessoas realmente se arrependam, aprendam, mudem... Quem sabe, dessa vez, as coisas deem certo, afinal, uma hora tinha que dar. Quem sabe a gente seja feliz e tome café da manhã na mesma mesa pro resto da vida. Quem sabe você tenha pra sempre menos que metade do armário porque minhas roupas ocupam a minha parte e a sua. Quem sabe a gente tenha mesmo uma segunda chance e nossos dias voltem a ser azuis, mas eu não me importaria se fossem tão rosas quanto as paredes que nos separam do resto do mundo. E que bom é ter no mundo um lugar que cabe todo o meu amor. Quem sabe isso não seja o tipo de coisa que acontece na vida real, mas quem sabe seja amor, um amor leve e feliz. Eu acredito na sorte!

terça-feira, 13 de maio de 2014

Pedido pra você ficar

O que eu preciso pra te fazer ficar? Me dá um beijo, eu te mostro que nossa casa é melhor. Deita na cama mesmo sem lençol e me puxa pro lado seu. Me joga pra cá, pra lá, me tira a roupa. Me dá um beijo, bagunça meu cabelo, deixa o mundo lá fora passar. Me ama, arranha, me come. Me conhece tão bem e já não preciso nem falar, me faz feliz do jeito que só você sabe, puxa meu cabelo, não me deixa escolher porque te gosto assim, do teu jeito, jeito que ninguém mais consegue ser. Não sai de casa hoje não, te faço o almoço e o jantar, juro que boto uma roupa de cama depois que a gente transar. Mas fica aqui no quentinho do nosso cobertor, só não sai de casa hoje não, que te prefiro assim, sem roupa. Nos prefiro assim, embalados no som do meu gemido, vestidos de sorrisos e vontade de ficar.

quarta-feira, 26 de março de 2014

Triste

Queria eu saber do que se trata a tristeza de fato.
'Triste é viver na solidão', é esperar o perfume que nunca vai chegar. Triste é esperar, é rir pra não chorar, é estar porque esqueceu a muito tempo o que é ser. Triste é amar, é falar, é ter tanta poesia que ninguém quer ouvir. Triste é pensar que uma ilha é o mundo inteiro, é não saber mostrar desejo, ver na lagoa um oceano e na rotina, imensidão. Triste é não ser ouvido, não ser sentido e amar sem ter amor. Sim, triste é amar, é se prender numa corrente e saber que não vai conseguir se soltar. Triste é ver a felicidade passando do outro lado da rua sem poder atravessar, triste é ter tanto amor pra contar num mundo surdo onde ninguém vai escutar.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Quase

É que quase não é beijo, nem verdade, nem inteiro! Quase sim é não e no quase abraço permaneci sozinha, eu e a minha vontade de ser, mas sendo quase, um quase amor. No quase dizer me calei e guardei pra mim. No quase viver, morri. Morri engasgada com todas as palavras que quase falei, silêncio.
A noite era bonita, sim, esperava que dissesse não, naquele ato quase heroico de segurar pela cintura e lembrar que eu disse que ficaria ali para sempre. Desisti de esperar e resolvi finalmente ir. Lá pela decima vez já esperava me sentir livre de todas as coisas nas quais desejava mais que tudo me prender, soltei. Esperei o tempo de acordar, quase sonhei, mas os pés, como sempre, imóveis no chão.
Dizer que ama não é, de forma alguma, amar. Não faz acreditar que é verdade e ainda hoje espero o dia que vou acordar e lembrar que tudo isso não passa de sonho, porque na vida real não tem amor tão grande assim, que nada possa destruir. As coisas vem e vão, nunca permanecem porque um dia cansam de ficar, mas quase fui feliz, quase aprendi a amar, infelizmente quase não é beijo, nem verdade, nem inteiro.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

cuide dela!

Sabe, moço, cuide dela! Tenho vontade de dar um abraço em todas as mulheres que você deixou pra trás com um coração partido e dizer pra elas que, sim, são as mulheres mais bonitas do mundo!
Como você pode preferir fazê-la chorar? Não há aliança que substitua um sorriso no rosto sem motivo, que diz pra todo mundo que ela tem dono. Me desculpem as feministas, mas sim, mulheres gostam de ter dono, gostam de ser conduzidas e sentir coisas que nunca ninguém conseguiu fazê-las sentir. Também gostam de ser donas, de mandar, de ter as coisas do jeito que querem e você aí, desperdiçando cada uma que aceitou se entregar, que te quis da cabeça aos pés com todos os seus acertos e erros e, de novo, erraram. Uma mulher não pode estar com um menino, um menino não devia poder fingir que é homem, mas elas sempre se confundem, dão "uma chance", se arrependem depois. Homem não te puxa pelo braço quando quer que você fique e também não deixa você ir embora. Homem te puxa pela cintura e antes que você tenha tempo de reclamar já está afundada na imensidão de um beijo que te tira o ar e te faz esquecer os erros. Isso mesmo, homem também erra e também pode partir seu coração, mas não mente. Nem sempre faz as coisas como você esperava que fizesse, mas você saberá que tem um homem quando chegar em casa triste e vê-lo se transformar no melhor comediante que já existiu só pra arrancar aquela gargalhada que ele adora.
Sabe, moço, cuide dela, porque se você não cuidar um homem de verdade cuidará. Cuidará dela e se certificará de não deixá-la sair de casa sem um sorriso no rosto, sem o coração batendo leve. Não deixará ela dormir sem antes dar um sorriso e não deixará faltar amor, nem por um segundo!
Sabe, moço, eu realmente não sei porque ela ainda espera que você faça alguma coisa para melhorar as coisas, mas eu se fosse você faria, porque ninguém do mundo aceitaria perder uma mulher dessas.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

monotonia

Que mania essa que a gente tem de se sentir sozinho no meio de um mundo inteiro... Que nem tanto amor que puderem nos dar preencherá um coração, as vezes tão cheio e outras tão vazio.
Acho que sou eu que canso das pessoas, de mim mesma, talvez. Que canso das paredes sempre pintadas das mesmas cores e do arco-íris tão colorido e tão sempre igual. Quem sabe seja mesmo eu, que tenho medo da imensidão do céu, do amarelo do sol e de tudo mais também.
É a saudade que não sei mandar embora. É a saudade que foi embora e a falta que deixei de sentir. Fico triste, queria sentir mais falta, porque a gente se sente mal quando começa a não lembrar mais. A gente não se sente mal porque esqueceu, mas aí um dia a gente lembra e dói tudo outra vez.
É, tem dessas coisas também, de a gente esquecer de andar na moda e aí fica mesmo meio estranho quando alguém nos vê no meio da multidão.
Acho que não tem a ver com moda não, tem mais cara de mania mesmo, tem cara de coisa do coração.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

livre

Queria saber fingir que não me importo com todos esses sentimentos que sou obrigada a guardar pra mim. Queria também não ser obrigada a guardar nada, porque se eu guardar vou explodir e ai, ah, aí não tem quem segure. Mas não se preocupe, vou lembrar de explodir em silêncio, sem ter que forçar ninguém a coisa alguma.
Gosto de sentar sozinha, pra por as coisas no lugar, mesmo sem ninguém saber. É que as vezes esqueço que não somos um só e que a sua vida continua, mesmo que a minha esteja de cabeça pra baixo. As vezes esqueço que não estamos acorrentados, esqueço de me sentir livre e de fazer as coisas por mim mesma, de sentir as coisas por mim mesma. Já não sei mais lidar com os meus problemas sozinha e eu era tão boa nisso... Queria reaprender a precisar de tempo pra mim, saber ficar sozinha, sentada na areia vendo o mar indo e vindo e deixar de novo meus sentimentos irem e virem sem minha interferência, que não tem outro jeito de ser, que não tem outro jeito de ir. E deixar ir embora se quiser, tudo isso que sinto sem querer.
E aí que me deparo com a vida, a liberdade, somos sozinhos, cada um por si, sou livre.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

o que me faz ficar

Não é o gosto da comida de um restaurante qualquer o que me faz ficar, nem o cheiro do teu perfume quando se arruma pra sair. Não são as roupas que usa, nem como fica bonito de camisa social.
Gosto de quando tomamos café juntos, mesmo que você não sinta fome de manhã, gosto do gosto da tua pele. Não precisa de camisa, não precisa de nada. Gosto do gosto dos beijos, dos desejos, do teu corpo deitado na cama embaixo do meu, tu inteiro dentro de mim. Gosto da pressa quando você faz tudo devagar e da preguiça quando você tem pressa, gosto dos desencontros e das diferenças, gosto da presença. Gosto de poder te segurar com as pernas e não te deixar ir embora nunca mais, te fazer feliz, reaprender todos os dias que a vida faz mais sentido quando tu me faz perder o ar, me deixa sem saber o que falar.
O que me faz ficar é a certeza de que todos os dias quando eu acordar haverá algo de diferente dentro de ti e um olhar impossível de decifrar e um sorriso que faz valer a pena a minha vida inteira. O que me faz ficar é o colchão molhado, as coisas que te deixam irreconhecível, os puxões de cabelo, os carinhos de amor.
Seria mentira dizer que gostaria de viver em paz. Eu gosto do tormento que causamos esporadicamente, de querer te matar por meio segundo e depois poder dizer que te amo mais que o mundo. Gosto de poder dizer isso sem exagero, sem nem um pouco de medo ou um arrependimento qualquer.
O que me faz ficar é olhar pro passado e ver tudo o que tu me ajudou a deixar pra trás, é me sentir completa.
Não é o mundo cor-de-rosa que tu me proporciona o que me faz ficar. Na verdade o que me faz estar aqui e não querer ir embora nunca mais é o azul que me faz sentir sem ninguém precisar ver, é o teu corpo no meu, que já desisti de tentar descrever.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

tumulto

Engraçado é que, mesmo depois de tanto tempo, uns quatrocentos dias talvez, eu ainda me sinto bagunçada, completamente perdida e cada vez mais interessada pelo desconhecido. Desconhecido que conheço bem, que sabe onde e exatamente como me tocar, mesmo que muitos lugares ainda estejam escondidos, aqueles que ainda não falei porque gosto de ver as descobertas. Que sabe, com tom de voz doce, me tirar do chão e me levar ao mais alto que qualquer pessoa já chegou e, mesmo assim, me sorrir daquele jeito bobo, aquele sorriso de quem não sabe o que fez. Que me olha, me engole com os olhos na frente de todo mundo e me faz sentir nua sem ninguém perceber. Que me deixa nua com as mãos e me arranca lá de dentro um sorriso, um arrepio e, enfim, um orgasmo que diz por si só tudo o que sentimos durante esses quatrocentos dias talvez.
Essa é a bagunça que vive dentro de mim. Desde o olhar até o orgasmo, que ainda me deixa sentir aquele frio na barriga, as borboletas no estômago que dançam quando ele chega. Tumulto, essa é a palavra e é isso que me causa. Tudo que desconheço me tumultua e, depois de tanto tempo,existe dentro daqueles olhos e em cada palavra algo de desconhecido... Ainda bem.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Brasil, mostra tua cara!

Um empresário pagando pra botar um outdoor na rua, onde em baixo dorme um mendigo. O homem de terno que sai do escritório e procura sexo em qualquer esquina, enquanto sua mulher o espera deitada nua na cama, com o coração vazio e sem amor, se perguntando o que mantém o casamento. A mãe que deixa o filho ficar obeso e tantos sem mãe sofrendo a falta de peso. A psicóloga dizendo para um menino de quinze anos que os problemas familiares vão passar e fora do consultório, do outro lado da rua, um menino de treze anos sentado na calçada, esperando pelo pai que saiu pra beber com os amigos e nunca mais voltou, esperando a mãe que saiu de casa com um vestido colado para dormir na casa de um amigo político e disse que voltaria pela manhã. As óticas cheias de quem não quer ver o futuro e na porta um homem cego tocando violão. Os hospitais cheios de esperança, os médicos em horário de almoço e não se sabe quando vão voltar. A moça sendo presa porque roubou pão na padaria, alimentou seu filho e logo em seguida viu uma lágrima escorrendo por aquele rosto tão frágil, enquanto era jogada como um animal na viatura; Do outro lado da cidade um político com dinheiro nas cuecas de seda, em seguida abotoando a calça do terno e pegando um avião particular para almoçar no restaurante mais chique do país. Os traficantes mais espertos que a polícia. O governo com medo dos "por quês" da juventude, deixando-os incapazes de argumentar. O rico cada vez mais rico, o pobre cada vez mais pobre, a miséria que não conseguimos ver através de uma nota de cem e aí tapamos nossos olhos com a riqueza, não vemos o que acontece em cada esquina, cada beco sem saída. O país do carnaval, o país da putaria.