sábado, 23 de junho de 2012

de manhã

Gostava quando ele escondia seus desejos desse jeito doce. Gostava quando ele sorria com a boca bem perto da dela, quando ria. Sentia o perfume dela, o gosto do beijo.
As mãos que atravessavam o gelado das roupas e se esquentavam no quente da pele, ela sorria.
- O que foi?
-Tu me deixa louca. Respondia na esperança de não se perder, não enlouquecer de vez.
Não que já não estivesse perdida, mas ainda assim sentia que finalmente tinha se encontrado.
Dias frios não alteravam em nada, tiravam os casacos com calor. Buscavam amor em seus beijos sem sentimento algum, incrivelmente achavam. Um amor que aconchegava, dava colo, protegia do frio que fazia lá fora. Já era tarde, enxergavam melhor no escuro, era claro que não funcionaria, aquele amor já se esvaía pela manhã. Quando acordou deitada no peito quente dele já não sabia o que acontecia dentro de si mesma, todos os seus devaneios voltados a ele, todos os seus segredos confessados naquela noite fria, ela não tinha certeza se já amanhecia, então deitava novamente, dormia dentro do abraço.
Acordou e dessa vez sozinha, distinguir o que era real e o que era imaginação parecia muito trabalhoso naquele momento, aí deitou-se novamente, sentindo o cheiro de um perfume masculino em suas roupas e nas almofadas do sofá. Ali ficou, sem saber se o cheiro era real, ou se era apenas outra peça que sua imaginação pregava-lhe.

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