sábado, 4 de agosto de 2012

trem das onze

Eu pegaria o trem das onze se já não fossem onze e meia, mas parada na estação esperando por um trem que nunca virá observo o vai e vem das pessoas, seus desejos, suas cores, seus rostos, reencontros.
Reencontro é não te encontrar, não te ver é como te achar e em meio a mais de mil, um.
Chegou naquele trem azul e botou cor no meu mundo, dançou comigo devagar, no nosso salão de dança,descompassado, sem passo algum.
Me levou pra nadar no mar, nosso oceano, mergulhados em nossos lençóis.
Me deixou voar no céu, azul feito o trem, azul feito nós.
Era alto e a queda foi grande, entrou na estação, naquela meia estação, primavera.
E assim se foi, no trem das dez, me deixou apenas com lembranças que não me deixariam ser pra ninguém o que não pude ser ali, que me daria medo toda vez que quisesse ser de alguém, que me deixaria na duvida sempre que com certeza pudesse confiar, me deixar levar, ser, estar. Mas hoje já não me perturbam mais, eu estava até agora a pouco me dirigindo a estação, para pegar o trem seguinte, o trem das onze, e segui-lo, mas encontrei alguém no meio do caminho e me perdi no tempo, meu tempo, nosso tempo. Me atrasei, e não é de costume. Me entreguei, aceitei aquela partida de quem eu precisava que fosse embora e a chegada de quem quero que fique.
Eu pegaria o trem das onze se já não fossem onze e meia.

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