quarta-feira, 4 de abril de 2012

deixa o abajur ligado pra eu poder te ver sorrir

Sorriam porque se amavam, ou amavam o sorriso? Não era de hoje que se sentiam um só quando estavam juntos, não era de ontem que queriam fazer isso dar certo, mesmo com a possibilidade quase nula alguém falar um "eu te amo", ambos orgulhosos, de fato, então sem falar uma palavra só se doavam um ao outro, com o amor maior do mundo, sem admitir que se amavam. Então entravam pela porta da frente, se jogavam no sofá, se gostavam no escuro da dispensa, se amavam no calor de um cobertor.
Pela primeira vez só lá pela décima quinta, era como se o teto se abrisse e eles fossem iluminados pelas estrelas. Não queriam dizer nada, não precisavam de nenhuma palavra, pois já falavam por si os corpos, dois corpos e um só amor, um só momento, um só suspiro, só, só eles, não precisavam de mais ninguém porque tinham ali tudo o que precisavam.
Dispensavam o cobertor, só era frio o dia lá fora.
Ele sentia medo de não ser tudo o que tinha prometido. Já estavam no céu, brincando com as estrelas, já estavam os dois, mais que nunca, num amor que duraria para sempre, para sempre aquela noite, e quem sabe nunca mais no amanhecer. Ela assoprava, quase imobilizada, a ultima vela, e ele, tendo ali tudo o que sempre quis, dizia baixinho "deixa o abajur ligado pra eu poder te ver sorrir"

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