As pernas se mexiam de um lado para o outro, com pressa. O menino abriu a porta do quarto e se atirou na cama, mas se sentia extremamente desconfortável. Um cheiro desconhecido entrava por suas narinas e percorria por todo o seu corpo. Sentia a falta do pai quando olhava para as estrelas. Sua mãe costumava dizer que lá estava ele, brilhando. Sentia a falta do pai quando ia dormir, quando acordava, quando caminhava pela rua esburacada a caminho da escola, mas estranhamente naquele momento não sentia mais tristeza percorrendo seu corpo. Era uma sensação boa, trazia conforto, ele se sentia abraçado, na cama agarrava-se ao travesseiro, enquanto o homem o abraçava. Deixava com que a fumaça tomasse conta de todo o quarto, sentindo o coração do menino bater.
Era uma pena que não pudessem conversar, mas abria um sorriso no rosto ao vê-lo rir. Tão pequeno se envolvia em seus quase braços, se agarrava as suas quase pernas.
Antes que pudesse respirar um pouco de ar puro viu o menino se desmanchar em lágrimas. Não teve coragem de levantar dali, sabia a falta que fazia, sabia o quanto aquele pequeno filho sofria por não tê-lo ali.
Sentado na cama, o cadáver.
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