sábado, 17 de setembro de 2011

exatamente como vocês

E olhando o espelho via a face do pai. Os olhos grandes, os cílios maiores ainda. O nariz pequeno e gordinho. Todas as feições do pai, e o coração da mãe. O jeitinho explosivo, o choro contraído, o medo que aparece quando as mãos tremem.
Por mais que não quisesse, sentia os dois a cada segundo, quando se olhava no espelho e sentia o coração bater, ainda que isso levasse ao choro, dava a ela a impressão de não estar sozinha, ainda que a companhia não fosse a mais adequada, se sentia abraçada pelo espelho, no colo do coração.
Estavam nesse momento longe demais, no quarto ao lado só ouvia gritos, choros, sentia os medos e então aumentava o som, na expectativa de não escutar nada.
E seja lá onde estiver, terá o pai ao rosto, a mãe aos atos, ainda que acabe, ainda que seja destruído cada pedacinho de seu coração.

Nenhum comentário:

Postar um comentário