Ou então vou fingir que estou na festa também, que esfumei uma sombra preta na pálpebra, botei meu vestido mais justo e passei o perfume que você mais gosta. Se eu estivesse nessa festa eu dançaria colada em você, enquanto você cheirava o meu pescoço e dizia no meu ouvido o quanto gostas do meu cheiro, e então te deixaria pra agarrar outro cara na sua frente. Porque vamos fingir que eu não gosto nem um pouquinho de ti, e realmente te trocaria por qualquer outro cara no mundo.
Mas voltando ao assunto: vamos fingir que você, bêbado, me ligaria de madrugada implorando pra eu te receber aqui em casa, pra cuidar de ti e te dar colo. Que eu abriria a porta de casa às 4 da manhã e que você cambalearia até mim, dizendo que só eu podia te ajudar. Vamos fingir que eu te levaria lá pra cima, pro meu quarto, e te deixaria dormir na minha cama - e até se abraçar em mim, porque não? E que no outro dia eu te daria comida e te acompanharia até o ponto de ônibus, tentando te tranquilizar de que a sua mãe não ia ficar tão brava. Que você me daria um abraço e diria que gostava de mim mais do que como amigo, e que tinha vindo pra minha casa porque queria passar a noite comigo.
Mas sejamos realistas, nem que eu tivesse passado uma vezinha pela sua cabeça você teria desistido de agarrar aquela loira. Porque na verdade você continua homem e não consegue – e nem quer – se controlar. Porque você gosta das loiras, das morenas, das ruivas, mas na verdade eu nunca me encaixei em nenhuma dessas categorias. “Ai, isso deve significar que eu sou diferente, que eu sou especial”. Ah, sim, com certeza. Até eu ver que você trata todo mundo assim. Até eu ver que uma mulher a mais ou a menos na sua vida não faz diferença, você tem todas elas na palma da mão.
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