Os dedos trêmulos tocavam a foto preta e branca, os olhos choravam as lagrimas da existência, da boca saiam as palavras da eternidade.
As luvas empoeiradas lhe serviam muito bem, a peruca morena trazia de volta toda a sensualidade do batom vermelho. A caixa velha de cigarros lembrava cada noite de amor qualquer, onde o salto alto era apenas o que a vestia.
Dezenas de pacotes de camisinha jogados ao chão, fechados.
As lagrimas da existencia se devem aos pacotes ainda fechados, enquanto poderiam ter evitado tudo, mas as garrafas quebradas de vodka e os vários pedaços rasgados de seda lembravam o por quê de estarem fechados.
Pilhas de discos de rock antigo, do mais puro sentimento e irracionalismo.
Voltar ali lhe lembrava a promiscuidade a qual se remeteu e o culpado de tudo isso nem se quer estava vivo.
Aprendeu que o batom vermelho não curava sofrimento nenhum, mas escondia a dor da alma. As roupas que antes não se faziam necessarias, hoje servem para esconder tantas lembranças em forma de marcas e a peruca antes tão presente já não fazia mais questão de usar porque ser ela mesma era o que de mais bonito via na vida.
A foto? Levou com ela. As vezes ainda olha, só para nunca esquecer que homem nenhum vale esse sofrimento, que homem nenhum devia te fazer perder a cabeça. As garrafas de vodka? Ainda são bem vindas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário