sexta-feira, 21 de outubro de 2011

da triste solidão, a rubrica

Naquele momento o coração já não cabia mais no peito, os olhos grandes e claros olhavam pela janela, enquanto chovia lá fora. Os dentes sempre a mostra, em um sorriso quase invisível, as mãos apoiadas no colo, a cabeça já longe, no outro canto da cidade, pensando naquele rosto claro e cabelos pretos, naquele sorriso. Se perguntava com frequência: 'por que não eu?'. Ele beijava a loira, a morena, a ruiva, a magra, a gorda, não parecia ser muito exigente, mas ela nunca havia sido notada. Talvez porque não gostasse muito de mostrar as pernas, talvez porque não usasse roupas decotadas, como as outras, mas tinha um ótimo senso de humor, os olhos azuis, fazia dança e sabia tocar piano.
Bem, a noite estava linda, e sob as estrelas ele beijava a menina mais bonita que ela já havia visto, mas logo depois a deixou e foi lá para dentro. Saiu com um copo na mão e quase caindo beijou a próxima menina que passou por ele, depois sentou-se no banco, junto com a menina dos olhos azuis, ela pensou que não conseguiria dizer uma palavra, afinal, era ele, tão maravilhoso, ali, sorrindo para ela. As palavras finalmente começaram a sair e ele continuava sorrindo, ela era engraçada. Depois de longos 3 minutos a beijou e rapidamente a deixou.
Ela já não sabia se era sonho ou se realmente tinha acontecido, mas foi dormir com um sorriso enorme no rosto. Ele, por sua vez, foi dormir sem saber exatamente quantas meninas havia beijado naquela noite, e acordou sem lembrar de nenhuma.
Um oi tímido era apenas o que ela conseguia dizer no dia seguinte, deixando que ele visse como seus olhos eram bonitos.
Talvez eles combinassem, era o que parecia quando ele a agarrou no meio do corredor. Ela de olhos fechados, sentindo como se nunca mais quisesse sair dali, ele de olhos abertos, encarando a ruiva enfurecida no fim do corredor.
Por tantos e tantos dias passou sem perceber a ruiva, sem perceber o motivo de todo aquele amor. Ela se sentia amada, ele a achava ótima para esquecer tantas outras.
Ele, finalmente, a amou. Tarde, muito tarde. Ela se deu valor. Aqueles cabelos escuros e o sorriso maravilhoso já não a faziam perder o ar. Aqueles beijos já não pareciam alimentar algum tipo de amor, mas nele crescia. Sim, ele a amou, pela primeira vez em sua vida daria tudo para ter aquela, e só aquela doce menina de olhos azuis. Os decotes absurdos de todas as outras não compensavam a camiseta preta e a calça jeans. Ele a olhava, todos os dias, ela era linda, mas já parecia nem saber quem ele era.

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