O casamento entre as flores de um campo enorme, o vestido branco arrastando pela grama, mas o mais bonito não era o vestido, nem o terno, nem o campo, nem as flores. O mais bonito era o sorriso que os noivos traziam no rosto. Sorrisos de felicidade real, talvez até imortal.
Não havia nada que pudesse mudar aquele sentimento, aquele amor, aquela beleza.
Os dois se completavam, gostavam das mesmas coisas, tinham os mesmos sonhos, tirando o vício por pintar do homem.
Em uma manha de frio com sol ele finalmente tomou coragem e pediu. Perguntou a sua mulher se ele poderia fazer um retrato dela. No começo ela não aceitou a ideia, mas sabia o quanto aquilo era importante para ele e enfim concordou.
Sentou-se no sofá logo após o almoço, ficaram lá até de noite e na manha seguinte voltaram para lá. Os dias passavam e já completava uma semana. Ela sabia que estava demorando porque ele queria que ficasse perfeito, que fosse uma pintura exata da perfeição, da realidade, do que ela significava, mas o tempo passava e a cada dia ela ficava mais triste.
Já se passava quase um mes e agora eles nem conversavam mais. Saiam da sala de pintura apenas para comer, ir ao banheiro e dormir, mas já nao trocavam uma palavra.
Um mês e meio e ela já tinha o rosto palido, os lábios secos, os cabelos sem brilho algum e o olhar triste.
Dois meses e ela já estava fraca, tinha um pintor e nao um marido.
Dois meses e 17 dias e só faltavam os detalhes.
Dois meses e 18 dias, o quadro estava pronto. Ele olhava o quadro com emoçao, aquilo era o retrato perfeito e exato de sua amada. Com lágrimas nos olhos levantou-se, emocionado e exclamou: Isso é vida!
Olhou para o sofá e sua esposa estava deitada, palida. O quadro tão real, tão vivo e sua mulher morta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário