Geralmente não gosto de viajar de avião, mas confesso que estar isolada do mundo por 50 minutos está me fazendo bem.
As rodas agora começam a girar, a cada segundo mais rapido. Atingem uma velocidade absurda, até que finalmente saem do chão.
Ainda é possivel ver a cidade e pequenas luzinhas, enquanto me vejo imersa nessa escuridão tão bonita que é o infinito. Infinito esse que trás paz e ao mesmo tempo remete ao medo.
A aeromoça loira, simpática e com o cabelo preso bem apertado no alto da cabeça me oferece comida e eu peço um copo d'água. Água natural, com um gelo cilindrico. Ai está um dos efeitos mais bonitos, o gelo com pequenas rachaduras virando água. Já fazem uns cinco minutos que observo o copo e o gelo está quase sumindo.
Me pergunto o porquê de estar observando o copo e chego a conclusão lógica: se eu nao me destrair com alguma coisa, vou ficar angustiada pelo que me espera quando eu chegar, afinal, é sempre contraditório o fato de eu ser sincera e repreendida por isso, mas de qualquer forma estou mais tranquila do que pensei que estaria. A idéia de estrangular um dos quatro não tinha passado pela minha cabeça, até agora.
Então voltemos ao copo. O gelo já se misturou com a água e agora só o que tenho é um copo de água gelada.
Perdi completamente a noçao do tempo, então não faço ideia do tempo que estou aqui, mas espero que falte bastante, porque ficar sozinha era tudo o que eu precisava.
Não me canso de olhar pela janela. Toda vez que olho, a mesma escuridão que me inspira, que me renova. É isso, estou me sentindo renovada. E que sensação boa essa.
Vejo as luzes lá em baixo, o avião está voando um pouco acima da camada de nuvens e é perfeito, sem tirar nem por.
A mesma velocidade do inicio quando as rodas tocam o chão e olha, é bom estar longe.
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