quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Com apenas um olhar eles se entendiam. Não precisavam de mais nada além deles mesmos. Acima de tudo o que ocorre em qualquer relacionamento eles estavam juntos e isso já fazia anos.
Era ela e ele, mais nada, mais ninguém. Eles se completavam de uma forma única e completa, eles precisavam estar juntos, eles eram felizes e ninguém nunca entenderia.
É quando ele a surpreende, deixando essa vida.
As lágrimas caiam de uma forma descontrolada, as palavras não saiam de sua boca.
As roupas rasgadas, os copos quebrados, a comida mal feita deixada por dias sob a mesa da sala de jantar, era nisso que se resumia a vida dela.
Nada mais fazia sentido, a televisão já não funcionava mais, o rádio ligado, o sofá já velho, a vida passando, correndo diante de seus olhos, mas de que adiantaria levantar daquele sofá? De que adiantaria esperar que alguém realmente especial conseguisse mudar tudo isso?
A única lembrança que ela tinha dele era uma antiga foto e as recordações que passavam como filme em sua cabeça, os momentos que passaram juntos.
Foi quando a morte bateu a sua porta. Ela chorando, implorava que a levasse. A morte, rindo da situação virou as costas e se foi. Andando sob toda aquela neblina, a mulher a perdeu de vista.
Os dias passavam como um raio ainda que as horas se arrastassem. Os minutos ela nem via passar e os segundos a acertavam como flechaas e no final de cada dia ela sentia seu coração rasgado por cada flecha que a acertou.
No final do dia, ela tentava dormir, mas os olhos não se fechavam, a mente não se acalmava, a morte não voltava para buscá-la.
Um dia seus olhos finalmente se fecharam. A última lembrança foi um frasco de um remédio de seu falecido marido, vazio, jogado ao seu lado. Os olhos se fecharam, a cabeça pesava, com a ultima badalada do relógio ela caiu. Sua cabeça bateu no chão como um vaso que cai e se quebra.
Sua alma já cansada
arrancava com esforço todo aquele pano preto que cobria a tal morte. Tomou para si o cargo, tirava a vida de todas aquelas que realmente amavam alguém junto com seu amado e agora, mais do que nunca sabia que poderia ter seu marido para sempre, que seu amor duraria a eternidade e que poderiam ficar juntos para sempre, da mesma forma que o cadaver de cada uma que ela matava permanecia junto ao cadaver de seu amor. Todos aqueles que amaram, estariam condenados a morte, estariam condenados a eternidade.


Nenhum comentário:

Postar um comentário